Utopia e Comunidade

Fonte da imagem: Livraria FGV Disponível em: https://capas.livreiros.com.br/9788571106994.jpg

    Na aula realizada no dia 01 de julho, intitulada comunidade: conceitos segundo Bauman, discutimos o texto "Comunidade: a busca por segurança no mundo atual" do sociólogo e filosofo polonês Zygmunt Bauman.
    Desta maneira, é chegada a hora de falar de comunidade e falar de comunidade com base nas ideias de Zygmunt Bauman é algo melhor ainda. Confesso que dentre as leituras sugeridas pelo professor para esse componente esse texto do Bauman é o meu favorito. Já conhecia autor de outros componentes e posso dizer que acho super interessante as ideias dele. Bom falando do texto, temos algumas colocações feitas pelo autor acerca do significado da palavra. É importante que a gente perceba que a maioria dos textos que foram bases para as minha postagens nesse componente curricular se iniciam falam das definições, significados, o que achamos que sabemos sobre, a forma como encaramos essas definições. Agora o Bauman vai destacar que esses significados guardam sensações sugerindo que a palavra comunidade passa uma boa sensação.

    Como ele próprio destaca, "é bom ter uma comunidade", "estar numa comunidade". Quando associamos algo negativos fazemos sempre alusão as más companhias, a sociedade e sua conjuntura, mas fazemos questão de manter fixa a imagem boa da comunidade. O autor chega a fazer uma comparação com a nossa casa, a comunidade como sendo nosso lar e todo o que esta nas adjacências seria algo ruim que devemos tomar cuidado ao sair. Assim me chama atenção a forma como ele define sociedade: lugar cálido, confortável e aconchegante. 

    Deste modo a estrutura de uma comunidade se dá de maneira que todos vivem e se entendem bem, se pode confiar uns nos outros, há segurança, não existe o sentimento de estranheza entre os indivíduos. Podem ocorrer divergências de discursos e opiniões mas no fim o querer bem do outro sempre vence. Existe boa vontade. As pessoas são solicitas quando se passa por situações controversas. Por essa razão é que podemos dizer que a comunidade é uma coisa boa. Mas também em contrapartida o Bauman acaba jogando um balde de agua fria em que o lê sem desconfiar de nada, pelo menos a primeira vista. Ele diz que a comunidade anteriormente definida é um mundo em que não se pode alcançar. Que ela sempre esteve e estará no futuro. E que significa um outro exemplo, este mais atual,  de paraíso perdido e até mesmo paraíso esperado.  Isso nos remete a história de Adão e Eva, bem como também a agonia de Tântalo

    Fazendo uma analogia, acerca da empregabilidade de tais condições na comunidade existente o Bauman diz que para nos propiciar segurança essa comunidade nos pediria para abrir mão da nossa liberdade, que para confiar nos outros deveríamos abrir mão de relacionamentos com pessoas externas à ela, para se ter o entendimento mútuo não devemos falar com estranhos e nem outras línguas, para sentir o aconchego deveremos colocar alarmes e câmeras nas entradas dos nosso lares e nem mesmo se aproximar das janelas, para se obter proteção não devemos ser gentis com estranhos. Assim passamos o entendimento do preço caro que devemos pagar para se chegar próximo aquela comunidade utópica de qual tanto nos referimos. E esse preço é pago em forma de liberdade. 

    Muitas das vezes nos submetemos a ela pois fica entendido que não ter comunidade é não ter proteção, mas para se poder alcançar a comunidade devemos a autonomia, direito à autoafirmação e a identidade, conforme o próprio Bauman cita no texto. O autor destaca que liberdade e segurança são dois valores que dificilmente teremos controlados de forma equilibrada. Estarão sempre em atrito. Ele diz que não podemos ser humano sem segurança e liberdade, mas que não se é possível ter as duas ao mesmo tempo de forma equilibrada ou na quantidade que quisermos. 

    Portanto, gostaria de deixar uma frase que o autor cita no texto: "Sendo humanos, não podemos realizar a esperança, nem deixar de tê-la.". Estamos em uma situação de impasse em que pouco se pode fazer, sobretudo pela nossa condição humana. 

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