A desmistificação do Lugar de Fala
Fonte da imagem: Livraria Taverna Disponível em: https://livrariataverna.com.br/sociologia/296-o-que-e-lugar-de-fala-djamila-ribeiro--9788595300408.html |
Na aula realizada no dia 29 de julho, tivemos como pauta os marcadores sociais da diferença: gênero, classe, etnia e raça. Para essa aula o professor Joel convidou a professora e pesquisadora da Unilab Dra. Eliane Gonçalves da Costa para ministrar uma palestra intitulada por reflexões sobre o lugar de fala, feminismo negro e interseccionalidade. Sendo sincero a princípio não escreveria nada aqui no meu ‘blog’ sobre essa aula, mas o fato é que ela abordou temas bastantes importantes. Isso é inquestionável, no entanto, às vezes somos silenciados de tal forma que não nos damos conta. Achamos não saber, não ter propriedade argumentativa e acabamos silenciando nossas ideias. Calma que eu explico. Essa postagem serve mais como um relato de experiência, do que como uma postagem de conteúdo propriamente dita, daquelas mais explicativas, no entanto por acreditar que o mundo acadêmico seja pensado para gerar esse tipo de experiência, por assim dizer decidi expor aqui.
Como disse, não tinha a intenção de falar sobre essa aula que aborda temas que estão em constantes debates, por essa simples razão, vemos tanta gente, gente que pertence ou tem esse sentimento de pertencimento, a alguma etnia, raça, gênero, classe, apontar os dedos para quem deve ou não ter voz mediante uma causa que de tal maneira achamos não ter embasamento técnico e também não pertencer aquela luta, uma luta que vejo como sendo de todos. E o porque que eu digo isso? Bom, talvez pela razão de já ter presenciado situações de debates em que escutamos a simples fala: "Esse lugar de fala não te pertence" ou mesmo "Esse é o meu lugar de fala, fica na sua aí". Isso tudo em ambiente acadêmico, tá!
Nesse sentido, foi que criei coragem para expor algumas falas da ilustre palestrante nessa aula. Deste modo, abre aspas: "O lugar de fala não deslegitima outros discursos, ao contrário disso, é a partir do reconhecimento da pluralidade dos discursos que iremos entender que eles são produzidos a partir de suas realidades, de seus grupos sociais.". Esse é o trecho em que mais me chamou atenção, onde uma pessoa embasada, com vivências, com cientificidade, detentora do seu lugar de fala deixa claro que existe a pluralidade de discursos, coisa que sempre acreditei. Não se trata de tirar a legitimidade de um discurso, de uma fala, de uma causa, de uma experiência (seja boa ou ruim, infelizmente na sua grande maioria são experiências ruins).
Por fim, abrindo aspas mais uma vez: "É necessário ainda ampliar a discussão para que o termo não se perca em um esvaziamento de conceitos importantes, é necessário entender que todos têm lugar de fala e que é a partir das diferentes produções de conhecimento que esse lugar se efetiva.". Assim, reforço uma opinião que é minha, de que para que a minha voz seja ouvida eu não preciso silenciar a do outro, é possível que nós construamos diálogos bem mais benéficos à sociedade do que apenas um monologo. Um conjunto de vozes ganha força. No fim das contas, espero que esse meu relato não seja interpretado de maneira controversa.
Alisson: obrigado pelo registro sincero e esclarecedor. De fato o termo "lugar de fala", que tem origem na linguística como bem explicou a prof. mencionada, foi/é vulgarizado e se usa como bloqueador de opiniões nem sempre divergentes, em vez da compreensão dos papéis sociais de todas as pessoas que podem contribuir, inclusive, para transformar a sociedade ampliando o lugar para todas as falas.
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